sábado, 28 de maio de 2011

TRANSIÇÃO DA INFÂNCIA PARA A ADOLESCÊNCIA

        Adolescência é a fase do desenvolvimento humano que marca a transição entre a infância e a idade adulta. Com isso essa fase caracteriza-se por alterações em diversos níveis - físico, mental e social - e representa para o indivíduo um processo de distanciamento de formas de comportamento e privilégios típicos da infância e de aquisição de características e competências que o capacitem a assumir os deveres epapéis sociais do adulto.
        A adolescência 1- o tempo das grandes transformações
        A adolescência 2- a construção da identidade
        No plano cognitivo esta fase da vida é marcada, segundo Piaget, pelo surgimento das operações formais. As operações, isto é, as acções mentais de combinar, separar e transformar informação de um modo lógico, tornam-se lógico-abstractas, não se limitam à consideração de objectos presentes. A transição da adolescência para a idade adulta é acompanhada pelo desenvolvimento de uma forma nova de pensar.
No plano moral, o raciocínio começa a questionar e a ultrapassar as convenções sociais  e a elevar-se a princípios abstractos como o bem e o mal. O idealismo da adolescência, fermento de transformação social, fundado na capacidade de equacionar possibilidades, traduz esta relativa superação dos limites convencionais. As capacidades do adolescente  para pensar para pensar de forma abstracta, imaginar situações hipotéticas e comparar ideias com o mundo real influenciam a sua forma de pensar no que diz respeito a assuntos morais. 
        Com a entrada na adolescência, em consequência do desenvolvimento cognitivo e do pensamento característico das operações formais, existem novas possibilidades oferecidas pela capacidade de abstracção. As auto-descrições concretas, centradas em aspectos comportamentais e externos, características das crianças, são substituídas, na adolescência, por auto-descrições mais abstractas e centradas em aspectos internos e psicológicos dos comportamentos (Harter, 1983, 1993, 1999).
        Ora, se esta passagem do concreto e observável para o abstracto, não observável e hipotético é considerada um avanço em termos cognitivos, também pode representar, tal como todos os aspectos do desenvolvimento, uma “faca de dois gumes”para o indivíduo, pois o mais desenvolvido traz consigo o não observável, o abstracto, logo, as auto-descrições estão mais sujeitas, na adolescência, a distorções e a enviesamentos cognitivos, o que pode implicar que o auto-conceito do adolescente se possa tornar mais irrealista e, até, conduzir a comportamentos desajustados (Harter, 1993).
        Assim, temos adolescentes que desvalorizam as suas capacidades, que não acreditam em si próprios e que, por isso, abandonam, desistem e evitam as situações que os desafiam e que podem pôr em causa o seu auto-conceito, desenvolvendo reacções emocionais desajustadas, ansiedade, depressão e “abandono aprendido” (Fontaine & Faria, 1989). Ou então, temos adolescentes que devido a uma sobreavaliação das suas reais competências, aceitam tarefas demasiado exigentes, para as quais não têm competências ou preparação, conduzindo ao fracasso, ou, pelo contrário, evitam o desafio porque este pode pôr em causa um auto conceito irrealista e frágil, que necessitam de proteger a todo o custo (Harter, 1993).







Sem comentários:

Enviar um comentário