sábado, 28 de maio de 2011

Desenvolvimento Pessoal - Erikson

Erickson através de oito estádios, explica os aspectos culturais do processo evolutivo da personalidade. Neste desenvolvimento, Erickson dá mais relevância ao período da adolescência, tendo em conta que é um período de transição da infância para a idade adulta onde ocorrem determinados acontecimentos relevantes para a personalidade adulta.
Tendo em conta que as crianças têm desenvolvimentos diferentes, não é correcto estabelecermos um tempo para cada estádio.
Para a construção da personalidade ou identidade pessoal, o conceito de crise é indispensável nesta teoria. No campo da Psicologia, em particular da Psicologia do Desenvolvimento, o conceito de crise é explicado como toda a situação de mudança a nível biológico, psicológico ou social, que exige da pessoa ou do grupo, um esforço suplementar para manter o equilíbrio ou estabilidade emocional. Corresponde a momentos da vida de uma pessoa ou de um grupo em que há ruptura na sua homeostase psíquica ou mudança dos elementos estabilizadores habituais.


Esta teoria concebe o desenvolvimento em oito estádios. 


O primeiro estádio – confiança/desconfiança – ocorre aproximadamente durante o primeiro ano de vida (0 - 18 meses). 
Nesta fase o bebé tem o seu primeiro contacto social, que geralmente é com a mãe. Para ele, a mãe é um ser supremo, mágico, aquele que fornece tudo o que ele necessita para estar bem. É necessário, portanto, que os educadores (pais, avós, família) tratem a criança com muita atenção, carinho e paciência para que a confiança, a segurança e o optimismo se consolidem. Sem esses sentimentos, a criança crescerá insegura e desconfiada.


Comentário: Sem dúvida que neste estádio a confiança é extremamente importante, porque uma criança que aprende a confiar nos outros e em si própria, conseguirá saciar os seus desejos e viver feliz.


O segundo estádio – autonomia/vergonha e dúvida – ocorre aproximadamente entre os 18 meses e os 3 anos.
Neste estádio existe alguma contradição entre a vontade própria da criança e as normas e regras sociais que a criança tem que começar a integrar. É uma fase de exploração do meio e do seu corpo. Apesar de quererem experimentar e arriscar, as crianças continuam a carecer de protecção. A criança deve de fazer as coisas de forma autónoma para que não perdure o sentimento de vergonha.


Comentário: Sem dúvida que a criança que quer experimenta gatinhar, e percebe que tem alguém por perto que o poderá proteger, deve de arriscar e os pais devem de estimular para que o seu desenvolvimento seja adequado e de maneira correcta.

O terceiro estádio – iniciativa/culpa – ocorre aproximadamente entre os 3 e os 6 anos. 
Neste estádio a criança já conseguiu a confiança, com o contacto inicial com a mãe, e a autonomia, com a expansão motora e o controle. Agora, cabe associar à autonomia e à confiança, a iniciativa, pela expansão intelectual. 
A combinação confiança-autonomia dá à criança um sentimento de determinação, alavanca para a iniciativa. 
Neste estádio a criança já deve de ser capaz de conseguir perceber o que deve ou não fazer. A criança experimenta todas as possibilidades de tomar iniciativas, mas se por exemplo os pais não aceitarem o que a criança fez, esta irá sentir-se culpada, mas caso os pais aceitem, esta irá sentir-se valorizada. 
Deve-se estimular a criança no sentido de que pode ser aquilo que imagina ser, sem sentir culpa.


O quarto estádio – indústria/inferioridade – decorre na idade escolar, antes da adolescência (6-12 anos).
Este estádio inicia-se com a entrada da criança para a escola, permitindo, assim, a vivência de uma grande quantidade de novas experiências, tendo a escola, também, como função o ensino das normas sociais vigentes, bem como a maneira como devem evoluir nos relacionamentos interpessoais, isto é, “no padrão de acção da sua sociedade”. 
A criança vai encontrar no trabalho a forma regulada e metódica, o que lhe dará a sensação de ordem e conquista, preparando-a para o futuro que aos poucos vai passando a ser uma das suas preocupações, havendo assim uma iniciação no campo das responsabilidades e dos planeamentos.


O quinto estádio – identidade/confusão de identidade – marca o período de adolescência (12-18/20 anos). 
A adolescência, é uma das etapas do desenvolvimento humano caracterizada por alterações físicas, mentais e sociais, que recebem interpretações, significados e tratamentos diferentes, dependendo da época e da cultura na qual o indivíduo está inserido. 
É um estádio de transição entre a infância e a idade adulta, em que os jovens não evidenciam um comportamento específico, nem de criança, nem de adulto. Este estádio ocorre juntamente com outras mudanças físicas e psicológicas, tais como crescimento dos pêlos púbicos, amadurecimento, e principalmente, alta produção de hormonas, tanto masculinas como femininas, que alteram as condições emocionais do jovem, causando muitas vezes mau humor, depressão e outros sintomas facilmente evidenciados. A adolescência constitui um período de moratória psicossocial que se caracteriza pela liberdade experienciada pelo jovem para experimentar papéis e estilos de vida adultos, tais como: o uso de drogas, bebidas alcoólicas, cigarros, iniciação da relação sexual, bem como o desenvolver de uma gestação, enquanto se completa a definição da identidade do “eu”, a qual se subordina a identificações infantis. 
Para Erikson, é nesta fase que se dá a maior transformação no indivíduo. Erikson definiu este estádio como sendo de “tempestades e stress”, visto que os conflitos nesse estágio de desenvolvimento podem ser considerados normais. Um adolescente que se torna rebelde, está, muitas vezes, em confronto consigo mesmo para construir a sua própria identidade e personalidade. É um momento de individualização, pois essa personalidade torna-se única e homogénea, contudo, ainda está à procura de assimilações. O indivíduo, a pouco e pouco, começa a tornar-se ele próprio. 
Neste estádio, os indivíduos estão repletos de novas potencialidades cognitivas, exploram e ensaiam estatutos e papéis sociais, pois a sociedade fornece-se-lhes esse espaço de experimentação ao adolescente. É neste âmbito que ressalta um dos conceitos eriksonianos que ajuda a conferir tanta relevância a este estádio, ou seja, à moratória psicossocial. Este é um estádio de espera dos compromissos do adulto. Assim sendo, o adolescente antecipa o seu futuro, explora alternativas, experimenta e dá um tempo. 
O ego neste estádio tem a peculiaridade de apurar e inteirar talentos, aptidões e habilidades na identificação com pessoas semelhantes ao indivíduo em questão e na acomodação ao ambiente social. A chave para a resolução da crise de identidade, que pode fazer com que o adolescente se sinta isolado, vazio, ansioso e indeciso, reside na interacção com pessoas que lhe são significativas, que são escolhidas e são parte integrante da construção da sua identidade adulta.
Erikson diz que o ser humano mantém as suas defesas para sobreviver. Ao sinal de qualquer problema, uma dessas defesas pode ser activada. Nesta confusão de identidade, o adolescente pode-se sentir vazio, isolado, ansioso, e também, muitas vezes, incapaz de se encaixar no mundo adulto, o que pode levar a uma regressão. Também pode ocorrer uma projecção das suas tendências noutros indivíduos, por não suportar a sua identidade. Aliás, este é um dos mecanismos apontados por Erikson como base para a formação de preconceitos e discriminações. Porém, a confusão de identidade pode ter um bom desfecho, relativamente à crise, pois quanto melhor o adolescente tiver resolvido as suas crises anteriores, mais possibilidades terá de alcançar neste estádio a estabilização da identidade. 
Os problemas no desenvolvimento da identidade podem culminar numa identidade difusa, numa identidade bloqueada ou numa identidade negativa, em que o adolescente capta identidades que não são para a sua família e para a sua comunidade. Por outro lado o indivíduo poderá ter sentimentos relacionados com confusão/difusão de quem ainda não se descobriu a si próprio, e não sabe o que pretende, tendo dificuldade em optar. É de referir que nesta idade emergem um conjunto particular de valores. Na recta final da adolescência o indivíduo obtém uma “identidade realizada”, conhecida igualmente por identidade adquirida.


Comentário: Nesta fase denota-se, portanto, o conflito identidade versus confusão. Nos estudos de Erikson, toda a preocupação do adolescente na procura de um papel social, provoca uma confusão de identidade, afinal, a preocupação com a opinião alheia faz com que o adolescente modifique as suas atitudes constantemente, remodelando a sua personalidade muitas vezes num curto período de tempo, seguindo o mesmo ritmo das transformações físicas que sofre.


O sexto estádio – intimidade/isolamento – ocorre entre os 18/20 e os 30/35 anos, aproximadamente.
Neste estádio, o jovem adulto ambiciona estabelecer relações de intimidade com outros, adquirindo também a capacidade necessária para o amor íntimo
O indivíduo ao estabelecer uma identidade definitiva e própria, está pronto para se unir a outrem. Este procura desenvolver relacionamentos de intimidade, parceria e associação, e está preparado para despender a força necessária para cumprir esses cumprimentos, ainda que para isso tenha de fazer sacrifícios. Neste estádio existe, então, a possibilidade de associação com intimidade, parceira e colaboração. Pode-se agora falar na associação de um ego ao outro, contudo, esta associação, para ser positiva, carece de uma boa construção e fortificação do ego desenvolvido ao longo dos ciclos anteriores, que se não for forte, autónomo e seguro de si, irá sentir-se anulado perante o outro.
A vertente negativa deste estádio, traduz-se no isolamento do indivíduo que não é capaz de compartilhar afectos íntimos nas relações privilegiadas O perigo que este estádio apresenta é o isolamento, a evitação dos relacionamentos quando a pessoa não se predispõe ao compromisso com a intimidade.
A competência dos indivíduos no estabelecimento das relações é caracterizada pela capacidade de partilha e de mutualidade desenvolvidas até então. Estas relações podem ser íntimas, e existirem mesmo na ausência física do companheiro, assim como o isolamento pode existir mesmo na presença deste, relação na qual ambos adoptam uma postura e comportamento defensivo perante a necessidade de fazer face ao próximo estádio de desenvolvimento, a generatividade.

Comentário: As relações tenderão, então, a ser estereotipadas.

O sétimo estádio – generatividade/estagnação – ocorre entre os 30/35-60 anos, aproximadamente.
Neste estádio verifica-se o conflito entre a generatividade – o indivíduo sente o desejo de educar, cuidar, criar – e a estagnação – preocupação egocêntrica. O principal objectivo do indivíduo é gerar, criar, ao nível profissional e pessoal. Há uma tentativa de gerar algo que possa ser transmitido à geração seguinte. O indivíduo sente orgulho pelo que construiu ao longo da vida e tenta dar algum sentido àquilo que fez. É aqui que surge o altruísmo, o valor que representa a preocupação com os outros, em que ocorrem grandes reflexões sobre a vida e o mundo. A virtude própria deste estágio é o cuidado, a inquietação com os outros, o querer fazer algo por alguém.
No entanto, caso o indivíduo sinta que aquilo que construiu e os valores que adquiriu ao longo da vida não merece ser transmitidas aos outros, fechar-se-á em si mesmo, estagnando o processo e preocupando-se apenas com o seu bem-estar, tanto físico como material.

Comentário: A sua personalidade não é mudada, mas sim enriquecida, através dos conhecimentos que daí advêm. Por vezes, o indivíduo torna-se autoritário pois como é mais velho, sente que lhe devem obediência e que devem escutar as suas ideias

Por fim, o oitavo estádio – integridade/desespero – ocorre a partir dos 60 anos e é favorável uma integração e compreensão do passado vivido.
Neste estádio incluem-se os indivíduos que têm mais de sessenta anos de idade, ou seja, os indivíduos em idade de reforma, e os sentimentos predominantes nele são a integridade e o desespero. O indivíduo tem um olhar retrospectivo, ou seja, revê tudo aquilo pelo que passou ao longo da sua vida, as escolhas, aquilo que realizou e onde fracassou. Quando o indivíduo sente que o papel que desempenhou ao longo da sua vida foi cumprido e que os conhecimentos que detém são dignos de passar aos seus descendentes, o indivíduo sentir-se-á integro. Para além disso, o indivíduo tentará integrar todo o seu passado pela aceitação da vida, ou seja, irá aceitar que tudo tem um início e o fim e que a sua vida está próximo.
No entanto, neste estádio pode não ocorre o sentimento de integridade mas sim, pelo contrário, o sentimento de desespero. Este sentimento de desespero ocorre quando o indivíduo sente que nada fez ao longo da sua vida, que o tempo de vida que lhe resta não é suficiente para recomeçar de novo, para experienciar aquilo que não experienciou, ou seja, a sua vida não faz sentido. Para além destas razões existem outras para que o indivíduo sinta desespero, tais como a não aceitação da morte e até mesmo a sociedade, pois esta, por vezes, diminui os indivíduos física, social e intelectualmente

Comentário: A virtude que irá resultar deste estádio é a sabedoria, tendo em conta “o fim da sua vida” e a vontade de transmitir aos seus tudo o que aprendeu numa vida.

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